SER RURAL (desprezo, vinho verde, chouriço e broa de milho)

04-05-2024


Por vezes espanta-me o espanto de tantos sobre alguma coisa. 

O Presidente da República chamou de "oriental" o ex-primeiro-ministro e de "rural" o atual. 

E???!!!!

O que esperavam de um Betinho lisboeta, sempre por todos elogiado e protegido, sempre "in", sempre muito elogiado pelas "tias" pelas suas notas e pela simpatia e figurinha limpinha como se quer. 

Ainda por cima um Betinho que era afilhado do "Sr. Presidente do Conselho de Ministros" e depois se tornou jornalista (horrrrrroooorrrrr!!!! ali no limite de se tornar um trabalhador!!!!!), um democrata de gabinete e um social-democrata de salão de baile?

O Senhor Presidente da República é o exemplo perfeito do que aqui no Minho, nós, os rurais, chamamos de "copinho de leite". 

E os "copinhos de leite", embora com toda a educação e polimento são racistas, elitistas, segragacionista e acham, sempre, desde há décadas, que "Portugal é Lisboa e o resto é paisagem".
Pode tirar um "copinho de leite" de Lisboa, mas nunca se tira Lisboa de um "copinho de leite", mesmo que não seja de Lisboa (e esses ainda são os casos mais dramáticos). 

Assim o Senhor Presidente da República não foi mais que igual a si mesmo, como são tantos como ele, da família Espírito Santo aos Ricciardi àqueles que se despedem a dizer "então vá!!!!" e continuam a dizer "vou estar fora de Lisboa" como se fossem fazer uma viagem pela selva cheia de perigos e perigosos rurais!!!!

Nós, a paisagem de Portugal, cá continuamos a despedirmos com um "até amanhã se Deus quiser" e a produzir para que Lisboa brilhe como capital do império e as suas iluminadas "elites laticínias" continuem a fazer piadolas em jantares de smoking para estrangeiros. 

Desculpem-me mas não vou ser tão "polido" como o Ricardo Costa no artigo do Expresso (ele próprio um orgulhoso "rural" de Braga) e vou tratar isto como um rural trata estas questiúnculas: com uma desprezada naturalidade, um copo de verde, chouriço e broa de milho. 

E depois vou trabalhar que isto de ser rural tem destas coisas: temos de merecer sempre o que fazemos e para nós o sucesso e a sorte é sempre o resultado do engenho, da nossa inovação, do nosso empenho e do nosso trabalho. 

Por isso não temos tempo para estas coisas!

Afinal eles só estão a ser o que sempre foram e quem dá o que tem.