RÚSSIA: A MÁSCARA DO KGB
Hoje, vamos falar sobre a Rússia e como a Rússia é, de facto, o FSB, ou melhor ainda, o KGB.
E, com isto, quero, também, apresentar-vos o meu novo e-book, a que chamei, precisamente, RÚSSIA: A MÁSCARA DO KGB e em que faço uma análise de como o Estado russo se tornou uma máscara de uma organização, dos seus interesses e dos seus dirigentes.
Afinal, estamos em época de Natal, e oferecer um livro (ainda que eletrónico) é sempre uma boa ideia, nem que seja a nós próprios.
Todos, mais cedo ou mais tarde, dizemos, mesmo a "contragosto" (porque representa que já temos alguma idade), que "as coisas já não são o que eram".
De facto, quando comecei a interessar-me e a estudar ciência e análise política e, quase por consequência, Inteligência e Informações, eram os Estados que dominavam as suas instituições.
Era muito simples: as instituições que compunham o Estado estavam ao serviço desse mesmo Estado, entenda-se, em realpolitik, da sua classe dirigente.
Isto era uma verdade tanto nas democracias, como nas ditaduras.
Era tão inevitável como o destino e a existência dos próprios Estados e da própria política e isto desde os tempos das Cidade-Estado Gregas ou mesmo até antes.
Nas democracias, através de vários processos, mecanismos e leis, sempre se tentou que essa subserviência das instituições ao Estado fosse algo de salutar, de benéfico, que tudo e todos, e, muito em especial, quem estava sob o controlo e financiamento do País, logo, do dinheiro público, contribuísse para o seu bem-estar, para a sua segurança, para o progresso e, fundamentalmente, estivesse ao serviço do Povo.
Gosto, particularmente, da expressão britânica para definir, o que em português, se chama de Funcionário Público. Em inglês diz-se "Public Servant", isto é, Servidor Público, e a expressão faz todo o sentido.
Quem trabalha para o Estado é um servidor do Povo, do Público e essa é a sua única e exclusiva função conforme as competências, incumbências, cargos e postos de cada um.
Nas democracias tentou-se, também e em simultâneo, evitar, a todo o custo, que quem exerce o governo, quem detém o Poder, mesmo eleito por sufrágio direto e universal, não tirasse benefício dessa posição e, por consequência, pusesse as instituições do Estado a "trabalhar" para a classe dirigente.
Luta hercúlea e inglória, repleta de muitos fracassos e de poucos sucessos, mas, que, ao menos, é travada e suscetível de ser escrutinada, investigada, denunciada, por vezes demasiado tarde, mas as coisas são o que são e não há sistemas perfeitos.
Digo, muitas vezes, que a justiça é mais feita pela história do que pelos tribunais. E muitas vezes assim é no que diz respeito aos abusos e desmandos de quem, nas democracias, se serviu do Estado e das suas instituições, não para servir, mas para ser servido.
Esta justiça que a história se encarrega de executar e que, no fundo, é a verdadeira justiça, tanto se aplica aos bons como aos maus, aos abusadores, mas também aos servidores, aos criminosos mas também aos heróis.
Nas ditaduras, nas oligarquias, nas tiranias, as coisas eram mais simples e claras.
As instituições do Estado trabalhavam e contribuíam ativamente para a manutenção, preservação e proteção das suas classes dirigentes.
Não havia qualquer tipo de dúvida.
Sempre assim foi!
Um exemplo paradigmático, em ambos os casos, tanto nas democracias como nas ditaduras, das organizações do Estado que sempre estiveram sob permanente e intenso escrutínio público (interno e/ou externo) foram os Serviços de Informação e Segurança, a que normalmente se chama de "Serviços Secretos".
Pela natureza da sua missão de recolher informação sensível para a segurança e interesses dos Estados, pelo seu esforço de, mesmo quando não conseguem ser secretos, pelo menos serem discretos, e esse poder de "esconder" informação do público e, mais, o poder de, por Lei, ao colocar o carimbo de "Secreto" ou "Ultra Secreto" e, assim, manter essa informação fora do olhar público legalmente, faz com que nunca se tenham conseguido "livrar" de fortes suspeitas de serem o "braço secreto e oculto" do Poder e de estarem ao serviço desse mesmo Poder e dos que o detém.
Claro que a confirmação, quase constante, de que assim foi e é, mesmo nas democracias, contribui muito para a que a opinião pública consolidasse essa opinião e essa imagem.
A ficção, os livros, mas em especial os filmes, em que, desde a CIA, até ao MI6 e ao MI5, passando pelo MOSSAD, são chamados sempre que o Poder politico tem algo de "delicado" a resolver e que não quer olhar a meios para atingir fins, cimentou a imagem que esses serviços estão ao serviço do Poder e não, propriamente ao serviço do Estado, pelo menos no sentido restrito do termo.
Nas ditaduras criou-se, claro, e também muito devido à ficção, a imagem do KGB e dos seus "ramos", como a temida e eficiente Stasi (Serviços Secretos da República Democrática Alemã, ainda hoje considerada a Agência de Informações mais eficiente de todos os tempos), como sendo, de facto, o braço secreto do Poder e da sua manutenção e fortalecimento, que, nas sombras, tudo fazia para destabilizar o ocidente e fortalecer o "bloco de leste", assim como para "esmagar" qualquer oposição e ameaça ao poder instituído e aos oligarcas que o detinham.
Assim tentavam na realidade, assim conseguiam por vezes na ficção.
Todos nos recordamos de personagens como James Bond, assim como de George Smiley, mas também do Coronel Gogol (um KGB com um imenso sentido de humor).
Curioso que o Ian Fleming e o John le Carré fizeram mais pela imagem que a opinião pública tem dos Serviços de Informação e Segurança, que todos os Estados de todo o mundo fizeram ao longo de quase um século.
Grandes esse dois génios (e agentes)!
Mas, de facto, o KGB tornou-se uma força enorme, mesmo dentro da União Soviética, e era um garante e uma "ferramenta" ao serviço da oligarquia política que mantinha o Partido Comunista Soviético, que não se coibia de o utilizar a seu bel-prazer, mesmo quando, na origem, estava a mais pura paranoia e as mais hilariantes teorias da conspiração.
Um livro que recomendo muito, porque conta uma história incrível (e real) do agente Oleg Gordievsky, uma "toupeira" no KGB a trabalhar, durante anos, para o MI6, é o "O Espião e o Traidor", do jornalista Bem Macintyre (deixo aqui o link para quem quiser comprar: https://amzn.to/48zMvhp ).
Mas para além da incrível história de como o Coronel Gordievsky expiou, durante décadas, para os britânicos desde o centro do KGB, o mais fantástico deste livro é dar-nos uma perspetiva real, clara e límpida, do que era, de facto, o KGB, como pensavam os seus dirigentes, qual era a sua "mecânica" e ao ponto a que chegou a paranóia e o espirito conspirativo em que, por vezes, o "Comité" perseguir inimigos por ele próprio criados, por isso, ou inexistentes ou, então, com capacidades e intenções bem menos maléficas do que lhes era atribuído.
Foi, precisamente, a leitura desse livro, neste verão, e de outro, que também recomendo, de Mark Galeotti, "Temos de Falar sobre Putin: Razões de um Mal-Entendido" (https://www.wook.pt/livro/temos-de-falar-sobre-putin-mark-galeotti/28081194 ) que me deu a ideia de começar a escrever este "ensaio".
Porque, quando termina a União Soviética, e se dá a "reformulação" do KGB, que se transforma em FSB e em SVR, dá-se um fenómeno único e nunca visto no mundo da política e dos Serviços e Agências de Inteligência: a "peça" começou a dominar a "máquina".
Se houve, porque houve, de facto, pelo menos num primeiro momento, uma reformulação do KGB, dos seus objetivos e métodos; um grupo, uma pequena elite, curiosamente não pertencentes à estrutura de topo (que se tinha desmoronado e desacreditado, completamente, no processo de colapso da URSS), mas sim à estrutura intermédia do KGB, nunca se deixou "reformular".
Um grupo que continuou a ser KGB, assumida e inteiramente.
E esse grupo, nas sombras, passo a passo, sem pressa, mas sem perder tempo, começou a manipular o sistema ao ponto de acontecer o quase impensável: não é o KGB que "trabalha" para Rússia e para os seus dirigentes.
A Rússia e os seus dirigentes são o KGB e toda a Rússia assim como toda a "máquina" do Estado "trabalha" para o Comité.
O criado não só se tornou o senhor: o criado tornou-se a realidade inteira.
Por isso o título deste trabalho (ou como lhe queiram chamar) que fui escrevendo ao longo de 3 meses: porque a Rússia, toda Rússia, enquanto Estado, enquanto Nação, enquanto Função Pública, enquanto Relações Externas é, de facto, o KGB, os seus dirigentes e os seus protegidos.
Esse grupo de São Petersburgo, com Vladimir Putin no comando, que não passavam de quadros médios e até um pouco irrelevantes e ostracizados dentro da estrutura do KGB, controlam agora a Rússia e toda a sua influência.
Um Estado controlado e gerido por espiões formados nas academias mais eficazes, mas também menos escrupulosas que o mundo alguma vez conheceu é algo que nos deve assustar a todos.
Porque é isso que, todos, estamos a enfrentar e é precisamente isso que acho, muito sinceramente, que muitos (incluindo a nossa classe política) ainda não entendeu.
E, como dizia Sun Tzu na magistral obra "A Arte da Guerra", "a primeira condição para vencer o inimigo é conhecê-lo!"
Eu, com este trabalho quis, simplesmente, dar, precisamente, um contributo, por minúsculo que seja, para que todos, em especial para quem não estuda e investiga este género de assuntos, possa, de um modo rápido, curto, claro e conciso, saber, de facto, no que a Rússia se tornou, como funciona e o que podemos esperar desta nova realidade que, ao contrário do que muitos se querem "autoconvencer" está aqui para ficar, durar e perdurar e a interferir com a vida de todos, se mais não for, com a nossa carteira.
Com Putin ou sem Putin!
Mas será com Putin!
Porque, um dia, vos garanto, todos teremos saudades dele!
O e-book está à venda, por um preço quase simbólico, na Hot Mart que podem aceder pelo link https://go.hotmart.com/U89223280W?dp=1
Espero que comprem, que vos seja útil e que também gostem.
Feliz Natal a todos!