PORTUGAL, O PAÍS QUE TRABALHA MUITO E ANDA POUCO

Portugal tem um paradoxo difícil de compreender e ainda mais difícil de aceitar.
É um país que se orgulha de trabalhar muito, mas que vê pouco desse esforço traduzido em progresso real.
Não é apenas uma perceção — é um dado que se repete nos rankings europeus: horas de trabalho elevadas, salários baixos e produtividade estagnada.
Esta realidade deveria ser suficiente para despertar em nós uma inquietação profunda. Trabalhar tanto e ganhar tão pouco não é apenas injusto — é insustentável.
E, no entanto, ano após ano, aceitamos este ciclo como se fosse inevitável, como se o destino de Portugal fosse eternamente remar contra a maré.
Não chega indignar-nos quando lemos notícias sobre isto. É preciso ir além da indignação e começar a pensar de forma séria e estruturada.
Se não entendermos as causas, nunca sairemos deste ciclo de esforço não recompensado.
A verdade é que este modelo tem custos humanos devastadores. Estamos a transformar-nos num país cansado, onde a estafa coletiva se normalizou, onde o desânimo se infiltra no dia a dia e onde a frustração social mina a esperança de um futuro melhor.
Portugal não precisa de trabalhar mais — precisa de trabalhar melhor.
E essa diferença é abissal!
Os mercados de hoje não premiam apenas quem faz, mas quem faz bem, com qualidade, com inteligência, com foco na inovação e na eficiência.
Persistir em rotinas improdutivas e em improvisos constantes é condenar-nos ao atraso.
A economia global é implacável e não espera por quem insiste em manter práticas antiquadas.
É aqui que entra a responsabilidade dos empresários. Muitos continuam presos a lógicas de há trinta anos, agarrados ao conforto de mercados limitados e a uma rede de contactos que já não basta.
O medo de arriscar tornou-se um travão ao crescimento!
Esse modelo empresarial teve o seu tempo e a sua utilidade, mas hoje é um peso morto. O futuro exige visão, capacidade de adaptação e abertura ao mundo. Quem não perceber isto ficará para trás.
Mas não é apenas do lado das empresas que está o problema. A cultura laboral portuguesa também precisa de uma transformação profunda.
Falamos muito de direitos — e com razão. Mas esquecemo-nos, demasiadas vezes, de que também existem deveres.
Não podemos ignorar a produtividade. Produzir não é uma palavra feia, nem um tabu. É a condição mínima para que exista riqueza a distribuir. E, sem riqueza criada, todas as discussões sobre salários, apoios ou investimentos ficam suspensas no vazio.
Há que recuperar a ética do trabalho, a ideia de que os resultados contam, de que o mérito deve ser reconhecido e valorizado. O salário justo é fundamental, mas precisa de estar ligado ao esforço e ao valor acrescentado.
Este equilíbrio entre justiça e mérito é a base de qualquer economia saudável. Quando um país perde esta ligação, condena-se à mediocridade.
Portugal corre esse risco!
Um risco que já não é teórico — é real e palpável!
Basta olhar à volta: salários que mal chegam para viver, jovens altamente qualificados que fogem para outros países, empresas que sobrevivem mas não crescem.
A resignação é um inimigo perigoso. Quando aceitamos a estagnação como normal, deixamos de acreditar na mudança. E sem acreditar na mudança, não haverá nunca transformação.
Mas ainda vamos a tempo!
Portugal tem talento, tem gente capaz, tem uma geração jovem que não se conforma com menos do que merece. Essa energia precisa de espaço para florescer.
O caminho passa por coragem!
Coragem de mexer no que está confortável, de questionar modelos falidos, de deixar para trás a cultura do improviso. Só com essa coragem poderemos reinventar a forma como trabalhamos.
E é preciso também humildade. Humildade para reconhecer que, até agora, o modelo seguido falhou. E só reconhecendo o erro é que será possível traçar um rumo novo.
Trabalhar pode e deve ser fonte de dignidade. Mas só será assim se o trabalho for orientado com inteligência, se for valorizado e justamente recompensado.
Caso contrário, será sempre uma prisão silenciosa.
O desafio está lançado: transformar horas em resultados, esforço em progresso, talento em futuro.
Portugal não pode continuar a ser o país que trabalha muito e anda pouco.
O tempo de virar a página é agora!
Porque cada ano perdido não volta e cada oportunidade desperdiçada custa caro às próximas gerações.
Trabalhar bem é mais do que uma estratégia — é uma questão de sobrevivência nacional.
Se não tivermos a ousadia de mudar, arriscamo-nos a ficar num limbo onde se trabalha sem esperança, onde se produz sem retorno e onde se vive sem ambição.
A grande questão é: estamos preparados para mudar? Ou preferimos a segurança da rotina que nos empobrece lentamente?
A resposta a esta pergunta vai determinar o futuro do país. E não é apenas uma decisão política — é uma escolha coletiva que envolve empresas, trabalhadores e sociedade civil.
Temos de aprender a valorizar o tempo!
O tempo é o recurso mais escasso e, em Portugal, é desperdiçado todos os dias em reuniões inúteis, em processos burocráticos intermináveis e em trabalhos redundantes.
A produtividade nasce também da forma como gerimos o tempo. E, se não mudarmos essa mentalidade, continuaremos a confundir movimento com progresso.
Inovar não significa apenas tecnologia!
Significa também repensar métodos, reorganizar processos, premiar quem faz bem e não apenas quem faz muito.
Portugal precisa de líderes — nas empresas, na política e na sociedade — que percebam isto. Líderes que não tenham medo de romper com hábitos antigos.
Sem liderança transformadora, corremos o risco de nos perder no labirinto da mediocridade.
Mas acredito que ainda há esperança.
Porque vejo no país uma geração inquieta, crítica, exigente. Uma geração que não se resigna e que sabe que merece mais.
Se essa energia for canalizada, Portugal pode finalmente romper o ciclo de esforço estéril e dar um salto em frente.
E esse salto não se mede apenas em PIB ou em estatísticas. Mede-se em vidas mais realizadas, em famílias com futuro, em jovens que não precisam de emigrar para viver dignamente.
Esse é o verdadeiro progresso!
E só o alcançaremos se deixarmos de ser o país que trabalha muito e anda pouco.
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