DEMAGOGIA DESCONTROLADA

03-09-2022

O RELÓGIO QUE MARCA OS

SEGUNDOS ATÉ O COLAPSO POLÍTICO!

Portugal entrou em época de eleições. Lá vamos nós outra vez! E esta minha expressão, confesso, está carregada de azedume e desilusão.

Embora nunca me tenha envolvido na política partidária, considero-me um cidadão muito ativo politicamente. Ativo no sentido que leio os programas eleitorais, vejo os debates, interesso-me pelo que os partidos dizem e não me abstive, uma única vez, desde que me foi dado o direito, o dever e a honra de votar.

Acredito que os cidadãos são o pilar fundamental do governo da nação e que todos temos sempre os políticos que merecemos. E eu faço por merecer bons políticos, estando informando e votando com consciência.

No entanto e cada vez mais os políticos que este país "produz" (e não só este país), são maus, francamente maus. E, no meu entender, nada é mais grave, mais pernicioso, mais nefasto para a política que a demagogia.

Segundo a Wikipédia "Demagogia é um termo de origem grega que significa "arte ou poder de conduzir o povo". É uma forma de atuação política na qual existe um claro interesse em manipular ou agradar a massa popular, incluindo promessas que muito provavelmente não serão realizadas, visando apenas à conquista do poder político e ou outras vantagens correlacionadas." Traduzindo: um político que faz promessas, exigências, reivindicações sabendo, claramente, que as mesmas são utópicas, irrealistas e não exequíveis e que, por isso, não serão cumpridas.

Na minha opinião a demagogia comporta 3 grandes perigos para a arte política em si e para a democracia no geral.

O primeiro, claramente, é a mentira em si. Quando um político é demagogo é, obviamente, mentiroso. Quando se prometem subidas de salários que não são coincidentes com a produção; pensões, reformas e subsídios que não há como os pagar porque o estado não gera esse tipo de riqueza; quando se promete a resolução de problemas que, objetivamente, não se tem como resolver, das 3 uma: ou o politico sabe que está a prometer o que não vai cumprir, logo é mentiroso; ou não tem consciência e conhecimento de como funciona o estado e o governo, logo é incompetente para governar; ou, por último, acredita mesmo no que diz alheado da realidade e da circunstância, logo é estúpido. Assim sendo, sempre que um político é demagogo, ou é mentiroso, ou incompetente ou estúpido não sendo estas três "competências" as melhores para quem quer governar um país.

O segundo problema é, claramente, o descrédito da classe política. Os cidadãos começam, progressivamente, a não acreditar naqueles que se propõe a governar a Nação. Uma e outra vez os cidadãos constataram que o que é prometido não é cumprido, que foram enganados, ludibriados, que foram alvo de mentiras descaradas. Este problema, em si, origina uma panóplia de consequências que, por si só, põe em risco a democracia. O primeiro é notório por cada ato eleitoral que passa: a abstenção. Ao contrário do que os políticos cobardes dizem, a abstenção não é resultado da irresponsabilidade dos cidadãos, do desinteresse, das "novas gerações", da globalização. A abstenção tem um grande culpado: a classe política. Com anos e anos de política e campanhas feitas à volta da mais pura demagogia, os eleitores perderam a confiança na política, nos políticos, na democracia. Há uma consciência que são todos mentirosos, que todos ludibriam os eleitores, que vote em quem se votar, o resultado será sempre o mesmo e que, por isso, nem vale a pena voltar. A segunda consequência do descrédito da classe política é que afasta as pessoas que, de facto, deviam ser os nossos políticos. Quando, devido a anos e anos de demagogia, mentira, falsidade e incompetência descarada, todos os políticos são rotulados de aldrabões, mentirosos, demagogos e incompetentes vemos que os cidadãos de bem, competentes, interessados, empenhados, se afastam da política pois não querem ser rotulados como aqueles que já ocupam os círculos do poder. A política tornou-se, para os cidadãos, um covil de ladrões e só um louco quer ver o seu nome envolvido em tão desprestigiante grupo. Por isso a nossa classe política é cada vez mais pobre, mais medíocre, mais incompetente. Por isso temos os nossos órgãos governativos repletos de indivíduos que nunca fizeram mais nada na vida para além de estar na política, que nunca deram provas de competência, eficácia e mérito fora dos gabinetes do poder, que nunca mostraram que a política é uma missão e não um emprego, que é uma dádiva e não um receber. Como exemplo veja-se o Curriculum Vitae dos 6 (Sim 6!) últimos Primeiros Ministros de Portugal. Que fizeram eles, de válido, de proveitoso, de meritório, antes de entrar na política? O que os fez acharem que eram capazes de governar uma nação, que provas deram eles de competência, de capacidade, de conhecimento? Antes, a política era o final, o corolário, o coroar de carreiras válidas e meritórias. Agora inverteu-se: homens e mulheres não vão para a política para terminar a sua carreira, vão para a política porque essa é a única hipótese de terem uma carreira. E tal consequência gera um círculo vicioso de incompetência, mediocridade, nulidade que, por sua vez, conduz a uma crescente e endémica... demagogia.

Em terceiro e por último a demagogia conduz a algo de profundamente grave e nunca falado: a desresponsabilização dos cidadãos. O cidadão tem de saber e ter consciência que são eles, somos nós, o Estado. Que somos nós que levamos este país para a frente, somos nós que produzimos, que somos nós que geramos a riqueza. Todos tem que saber (e nem imagino como não sabem), que para uns ganharem outros tem de gastar, que para alguém receber um subsídio alguém tem que ter dado esse dinheiro, que para construir uma estrada, um hospital, uma escola alguém teve de dar esse dinheiro. O Estado somos todos nós e o governo é somente isso mesmo, governo, isto é, um grupo de mulheres e homens eleitos para governar aquilo que todos nós produzimos.

Ora, quando os demagogos "exigem" descida de impostos, subidas de salário, pensões e subsídios, construção de escolas, hospitais e estradas como se isso fosse obvio, como se conseguisse num golpe de mágica, estão a desresponsabilizar os cidadãos da sua função central no progresso do país. Tem de se dizer claramente a todos os cidadãos que "se não há dinheiro não há palhaço", que o progresso, a subida de salários, a descida de impostos só se faz quando, cada um de nós, se tornar empenhado e produtivo, quando os trabalhadores souberem que tem direitos mas que também tem responsabilidades, que não podemos ter um "Estado Social" quando não produzimos e geramos riqueza para o manter. Temos de convencer, definitivamente, os cidadãos que o dinheiro não nasce das árvores, nem se manda fazer por atacado, e que os políticos não podem prometer aquilo que não se pode ter e não se pode pagar. E os demagogos fazem precisamente o contrário.

Por estas 3 razões a companha eleitoral cada vez me enoja mais. Para mim cada vez que se prometem subidas de salários, descida de impostos, mais mundos e fundos, quando só se fala em dar e não se fala em produzir, quando só se fala em subsidiar e não em responsabilizar, quando só se fala direitos e nunca se fala em deveres, está-se a cometer um crime contra a política, contra a democracia e contra Portugal, a minha Mátria.

Então, nos últimos tempos, tem sido gritante. Partidos única e exclusivamente demagogos, à esquerda e à direita, tem nascido e crescido como fungos no nosso espectro político. São contra a especulação imobiliária (depois são os primeiros a faze-la), querem um sistema nacional de saúde para os animais quando não conseguimos manter um decente para os Seres Humanos, querem que o Reik seja suportado pelo Sistema Nacional de Saúde quando não há dinheiro para os medicamentos fundamentais e outros disparates tão grandes e tão absurdos que não sei como não são recebidos com um coro de gargalhadas e de escârnio.

A demagogia, para mim, é um crime. Um crime que atenta contra a democracia e o país.

Mas, sejamos claros: tanto é criminoso quem a pratica como quem a suporta.

Assim, se os políticos que praticam a demagogia são criminosos, igualmente criminosos são todos aqueles que lhe dão voz com o seu voto.

É urgente exigir uma política realista, verdadeira, responsável.

É urgente os cidadãos exigirem uma nova classe de políticos.

É urgente os cidadãos exigirem uma nova classe de cidadãos.

Porque é urgente o bem-estar de Portugal.