INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL: O FUTURO ESTÁ AQUI E É NOSSO

A inteligência artificial está em todo o lado.
Está nos jornais, nos fóruns de discussão, nos cursos e nas formações que brotam como cogumelos.
É o tema de conversa no café da esquina e o mote de debates mais acalorados.
Uns olham para ela como a solução para os problemas mais complexos da humanidade, enquanto outros a receiam, como se fosse a promessa de um futuro sombrio.
Mas uma coisa é indiscutível: a inteligência artificial não é uma moda passageira.
É uma força transformadora que já está a moldar o mundo à nossa volta.
Se quisermos compreender o impacto da IA, temos de olhar para a história. A invenção da roda, a revolução da máquina a vapor, a chegada do motor de combustão, a eletricidade e, mais recentemente, os computadores — cada avanço tecnológico revolucionou a sociedade de formas profundas e, muitas vezes, imprevisíveis.
Tal como António Gedeão escreveu em "A Pedra Filosofal", "Eles não sabem que o sonho é uma constante da vida, tão concreta e definida como outra coisa qualquer".
A inteligência artificial não é exceção!
Hoje pode parecer um fenómeno disruptivo, mas amanhã será mais uma peça do nosso quotidiano.
Ainda assim, é preciso mantermos alguma sobriedade.
A inteligência artificial é uma criação humana, e, como qualquer criação nossa, carrega as marcas das nossas limitações e imperfeições.
Por mais avançada que seja, a IA é, no fundo, uma ferramenta. Depende das instruções que lhe damos, das perguntas que fazemos e dos dados que fornecemos.
O velho princípio mantém-se: "garbage in, garbage out".
Se alimentarmos a IA com dados imprecisos, enviesados ou de má qualidade, o resultado será, inevitavelmente, defeituoso.
Por isso, a IA não é uma ameaça para quem é competente, nem uma salvação para quem é negligente.
Tal como um bisturi não faz de alguém um cirurgião, também a IA não transforma ninguém num génio da noite para o dia.
Tudo depende de como a utilizamos, da ética com que a implementamos e da competência de quem a manuseia.
Os competentes continuarão a ser competentes e os incompetentes incompetentes. A AI, simplesmente, exponenciará as qualidades de cada um. Porque como ferramenta potenciadora de conteúdo, tanto potenciará o bom como mau.
O bom será melhor e o mau será pior.
Vivemos tempos de entusiasmo quase descontrolado.
Muitos veem a IA como a nova fronteira tecnológica, algo que irá resolver os nossos maiores dilemas, desde as alterações climáticas até à cura de doenças complexas.
Por outro lado, há quem tema o seu impacto: a perda de empregos, a manipulação de informação, o aumento das desigualdades.
Este misto de euforia e receio não é novo.
Cada avanço tecnológico gerou, à sua maneira, reações semelhantes.
E, como sempre, a humanidade adaptou-se.
O desafio que enfrentamos agora é duplo: por um lado, tirar o máximo partido da inteligência artificial, maximizando os seus benefícios para o bem comum; por outro, criar regras, normas e políticas que previnam os abusos e mitiguem os riscos.
No entanto, sejamos claros: nenhuma regra é infalível.
Haverá sempre quem contorne limites, quem explore falhas e quem abuse do sistema.
É a natureza humana.
Mas o que nos cabe, enquanto sociedade, é fazer o possível para que a balança penda para o lado positivo.
E é aqui que entra a verdadeira reflexão.
No meio desta onda de fascínio pela inteligência artificial, não podemos esquecer a inteligência natural — a nossa.
A criatividade, a empatia, a capacidade de pensar criticamente e de questionar são qualidades exclusivamente humanas.
São estas as ferramentas que nos permitirão manter o controlo e fazer escolhas conscientes sobre como usar a IA.
Estas competências não podem ser delegadas a uma máquina.
São o que nos diferencia, o que nos torna únicos.
Afinal, por muito avançada que a tecnologia se torne, a inteligência artificial nunca conseguirá replicar aquilo que nos torna humanos: a nossa capacidade de imaginar, de sentir e de criar.
Não seremos ultrapassados pelas nossas criações porque somos, acima de tudo, criadores.
O centro do progresso continua a ser, e será sempre, a nossa humanidade.
Portanto, à medida que a inteligência artificial ganha terreno e se integra nas nossas vidas, há uma lição fundamental que devemos levar connosco: o futuro da IA está, literalmente, nas nossas mãos.
Cabe-nos decidir como usá-la.
Que a nossa escolha seja pelo progresso, pela inovação e por um futuro mais humano, justo e inclusivo.
