DOS QUE QUE ACHAM QUE PENSAM e a minha reflexão anual sobre o Ataque do 11 de setembro
Em todos os 11 de Setembro lá tenho eu de me conter para não "destratar" aqueles que acham que tudo aquilo foi uma farsa, uma manipulação, uma encenação.
Não vou, de novo (recuso-me!!!), a apresentar os factos, questionar as razões geopolítica e geoestratégias que pudessem, eventualmente, justificar tamanha encenação, assim como as impossibilidades racionais e mesmo operacionais de o ataque não ter sido, de facto, de autoria terrorista.
Recuso-me, 21 anos depois, a continuar a "pregar" o óbvio.
Hoje, no aniversário do dia que mudou o mundo, para além de, mais uma vez, cumpro-me o dever de homenagear todos os que morreram no ataque, solidarizar-me com todos os que foram "vítimas incólumes" do acontecimento e, nunca, mas nunca, esquecer todos aqueles que morreram, ficaram feridos ou doentes ao prestarem socorro e auxílio ao atentado,
Mas este ano decidi fazer outra reflexão.:
Cada vez estamos num mundo mais complexo, mais elaborado, mais difícil de entender.
A ciência, o conhecimento, o saber, tem evoluído de um modo que, nenhum homem, nem o maior génio, consegue assimilar, ou sequer ter acesso, a nem que seja uma ínfima parte de todo o vastíssimo conhecimento humano.
Verifica -se, assim, a primeira e segunda lei de Titiev:
Por um lado, cada vez sabemos mais sobre cada vez menos (primeira lei "a da especialização crescente") e logo e consequentemente, ficamos completamente dependentes dos outros que sabem o que não sabemos (segunda lei, a da "crescente dependência").
Até aqui acho que estamos todos de acordo!
E, até há algum tempo, tudo corria muito bem.
Todos assumíamos que, se estávamos doentes ia-mos ao médico, se o carro tinha um problema íamos a um mecânico de automóveis, se não estávamos bem psicologicamente íamos a um psicólogo, se nos doí-a um dente íamos a um dentista.
Era simples e eficaz!
Acreditávamos nos nossos especialistas, confiamos na ciência e na sua capacidade de formar os melhores para que nos valessem nas áreas do conhecimento que nós, especialistas noutras áreas do conhecimento, não dominávamos, e nós retribuíamos quando outros a nós recorriam em busca do nosso saber, dos nossos conhecimentos, das nossas competências que tínhamos adquirido em anos de estudo, dedicação, entrega e experiência.
Mas, eis, agora tudo se altera!
Com motores de busca e redes sociais todos sabem tudo sobre tudo, todos acham que podem dar opinião sobre tudo e mais alguma coisa, mesmo nunca tendo estudado, mesmo nunca tendo investigado, mesmo nunca tendo dado prova qualquer sobre qualquer coisa.
Leram uns artigos, viram uns vídeos, umas "horas de aprofundamento" e "cá vai desta".
E nem põem "na minha opinião", "eu acho que".
Nada!
Afirmam, qual arautos das verdades irrefutáveis, o que é e o que não é!
Eu, estudo terrorismo desde 1998, investi em cursos, formações, li milhões (não, não é exagero) de páginas sobre o assunto, todos os dias (todos) penso, troco opiniões e impressões com outros colegas e outros especialistas sobre a matéria.
Para minha honra, sou reconhecido pelos meus pares e colegas como um especialista, ao longo de mais de 10 anos, milhares de alunos e dezenas de instituições de ensino em Portugal e não só, confiaram em mim para lhes ensinar o que é o terrorismo, quais os seus métodos, atores e processos.
Sou, assim, e desculpem-me a arrogância, um especialista e, dizem alguns, dos bons!
Então, quando vejo alguém que, não tem as mesmas competências que eu nesta matéria, tecer "sentenças" sobre o 11 de setembro, negando-o, refutando-o, tecendo teorias conspiratórias de uma encenação macabra e sem sentido sinto-me pessoalmente ofendido.
Quem duvida de tudo não acredita a nada!
E não acreditar em nada nem em ninguém é perigoso, muito perigoso.
O respeito pelo saber, pela ciência, pela investigação, o confiarmos nos nossos melhores, o deixarmo-nos orientar por quem sabe e fez por saber, são pilares fundamentais de uma sociedade evoluída, moderna, pensante e consciente.
O 11 de Setembro foi o mais grave, monstruoso e bem preparado ataque terrorista da história humana, praticado pelo Al-Qaeda, idealizado por Ayman al-Zawahiri e Osama Bin Laden.
Quem o afirma?
Eu!
Que estudei, que investiguei, que sou um especialista.
Acreditem em mim!
Porque, na vossa área, eu acredito em vocês.