DO SABER FAZER AO SABER PENSAR: A Revolução Necessária na Formação Humana

05-09-2025


Durante quase três décadas, a sociedade ocidental abraçou a especialização como o grande caminho para o progresso.

A pergunta central era: "o que é que sabes fazer?", e a resposta determinava o teu valor no mercado de trabalho.

O sistema de ensino moldou-se a esta premissa.

Formámos gerações de especialistas incrivelmente competentes em tarefas específicas, mas também incrivelmente limitados na sua capacidade de lidar com o todo.

Com o avanço tecnológico, porém, este paradigma foi abalado.

A robótica, a automação e, mais recentemente, a Inteligência Artificial (IA) generativa vieram mudar as regras do jogo.

Hoje, não basta saber fazer – até porque as máquinas fazem muitas dessas tarefas melhor, mais rápido e com maior precisão.

O que importa, agora, é como fazemos, como pensamos e como gerimos os recursos que temos à nossa disposição.

Numa era em que a tecnologia ocupa um papel central, aquilo que nos torna humanos ganha relevância redobrada.

A criatividade, o pensamento crítico e sistémico, a capacidade de inovar e de compreender o outro são as novas ferramentas essenciais.

Nenhuma máquina, por mais avançada que seja, consegue substituir o poder da empatia ou o brilho de uma ideia verdadeiramente original.

Chegou a altura de repensarmos o que valorizamos e como preparamos as futuras gerações.

Não podemos continuar a formar jovens para serem apenas peças numa engrenagem.

Temos de os formar para serem criadores da própria engrenagem.

Para isso, precisamos de dar lugar ao pensamento humanista, aquele que valoriza o indivíduo como um ser completo e não apenas como um executor de tarefas.

Quando olhamos para as nossas escolas e universidades, percebemos que ainda estamos presos a um modelo do passado.

Quantos estudantes são incentivados a questionar, a criar e a pensar de forma transversal?

Quantos são preparados para enfrentar um mundo onde a mudança é a única constante?

No mundo empresarial, o cenário não é muito diferente.

Empresas ainda procuram especialistas, esquecendo-se de que, sem generalistas capazes de articular as diferentes áreas do conhecimento, as organizações não conseguem prosperar.

Hoje, mais do que nunca, é crucial ter pessoas que saibam gerir processos, escalonar soluções e rentabilizar recursos – humanos e tecnológicos.

O regresso ao pensamento humanista é, assim, um imperativo.

Este pensamento ensina-nos a ver o mundo como um todo, a pensar de forma filosófica e a valorizar a nossa existência para além da produtividade.

Afinal, é o que nos distingue das máquinas.

Precisamos de formação que promova a criatividade, o empreendedorismo e a inteligência emocional.

Precisamos de preparar os jovens para liderar, para inovar, para compreender.

Um jovem que saiba apenas executar não terá lugar num mundo dominado pela automação.

Mas um jovem que saiba pensar, questionar e reinventar nunca será substituído.

Há quem pense que as máquinas vão roubar-nos os empregos.

Mas será que as máquinas também podem roubar-nos a nossa humanidade?

Apenas se deixarmos.

E é aqui que entra a importância do pensamento holístico.

Ensinar a pensar é ensinar a ver o todo e a compreender as relações entre as partes.

A ética também precisa de regressar ao centro da nossa formação.

Numa época em que a tecnologia avança a passos largos, as questões sobre o que é certo ou errado tornam-se mais complexas e mais urgentes.

Só com uma formação verdadeiramente humanista conseguiremos encontrar as respostas adequadas.

É urgente mudar!!!

Não se trata apenas de ajustar o sistema de ensino ou de reformular as estruturas empresariais.

Trata-se de uma transformação cultural.

Uma transformação que comece nas salas de aula, mas que se espalhe para todos os setores da sociedade.

Os pais também têm um papel central neste processo.

Mais do que incentivar os filhos a tirarem um curso com saída profissional, devemos incentivá-los a pensarem no impacto que querem ter no mundo.

O verdadeiro sucesso não está em seguir um caminho pré-definido, mas em criar o próprio caminho.

Há uma beleza inegável na capacidade humana de sonhar, de imaginar, de criar algo que nunca existiu.

São estas capacidades que precisamos de cultivar.

E são estas capacidades que nos permitirão continuar a ser os arquitetos do nosso futuro, mesmo num mundo dominado pela inteligência artificial.

Não se trata de rejeitar a tecnologia ou de a temer.

Pelo contrário, trata-se de a integrar de forma inteligente e ética, utilizando-a para potenciar o que temos de melhor.

A tecnologia deve ser uma ferramenta ao serviço da humanidade, não um fim em si mesma.

O futuro pertence àqueles que sabem adaptar-se, que sabem aprender e que sabem reinventar-se.

E isto não se ensina com manuais ou em palestras técnicas.

Ensina-se com experiências, com desafios, com erros e com reflexões.

Estamos num ponto de viragem.

Podemos continuar no caminho da hiper-especialização e deixar que as máquinas nos ultrapassem.

Ou podemos abraçar o pensamento humanista e redescobrir o nosso verdadeiro potencial.

É tempo de perguntar: que futuro queremos criar?

A resposta depende de nós, de cada um de nós.

E começa agora!!