A EUROPA DOS “COPINHOS DE LEITE” e isto no dia da Europa!
Lá na escola as coisas eram muito simples: havia os "maus" e os "copinhos de leite".
Era simples!
E era simples a relação entre uns e outros: Os "maus" exerciam o seu poder dissuasivo da força e os "copinhos de leite" (como eu) respeitavam.
Por vezes os "copinhos de leite" tornavam-se úteis: deixar copiar os trabalhos de casa, fazer tudo nos trabalhos de grupo, etc.. Isso "concedia" aos "copinhos de leite" algumas vantagens em situações críticas como, por exemplo, proteção dos "maus" de outras escolas.
E isto era simples.
E isto funcionava.
E isto é simples porque este jogo é exatamente como se estabelece as relações diplomáticas e políticas no mundo.
E, tal como na escola, sempre foi, é e sempre será assim.
Só que, nos últimos anos, algo se tentou alterar no cenário geopolítico e geoestratégico.
Depois do final da "guerra fria" os "maus" ficaram um pouco confundidos, ficaram um pouco "perdidos".
Afinal os "copinhos de leite" podiam ganhar!!!!!
Afinal podiam ser eles a ditar o futuro, a decidir, a determinar o que fazer, para onde ir...
Porque os maus descobriram que se tinham tornado tão maus que já não podiam ser tão maus como diziam ser, porque senão aniquilavam-se a eles próprios.
O poder e as possibilidades do uso da força tornaram-se tão extremos que a força aniquilou a própria força.
E, neste contexto, perante este impacto, os "maus", enfraquecidos pelo seu próprio poder cederam decisão e até primazia aos "copinhos de leite".
E até aceitaram este facto.
Os "maus" tentaram, com afinco, serem "copinhos de leite".
Até compraram fatos e gravata, até começaram a comer com os 2 talheres, até começaram a apertar mãos, a ir a reuniões e, pasme-se, a chegar a acordos e a consensos.
E tudo esteve bem!!!
Incrível!!!
Os "maus" todos orgulhosos de até serem "copinhos de leite" e os "copinhos de leite" todos contente de não levarem porrada e, até, pasme-se!!!!!, serem modelo e acharem que mandavam nos "maus"!!!!
"Copinhos de Leite" no poder! Era a vitória da lactose!!!!!! O Império do queijo fresco!!!!!
E, mais uma vez, pensamos, mais coisa menos coisa, que o mundo estava em paz, porque um "copinho de leite" não faz mal a ninguém, não há corrada no império da lactose...
Mas há outra coisa... há muito azedo...
Há muita intriga, dissimulação, maquinação, traição!
A força bruta e direta tem todas as desvantagens menos uma: é, declaradamente, honesta e direta!
Não há dissimulação em levar um murro ou na explosão de um míssil.
É o que é porque está perante os nossos olhos sem margens para duvidas ou negações!
Não há mentira no sangue derramado! A morte doi mas não engana!
Mas, durante algum tempo, isto foi assim e este "azedar" foi evoluindo, argumentando-se que era "maturação", "refinamento", enfim, coisas de "copinhos de leite".
Mas só foi possível assim enquanto uns não se esqueceram de quem eram e do que os outros eram capazes.
Foi assim até que os "copinhos de leite" se esqueceram que o seu poder é só o de influenciar, o de negociar, o de orientar.
Que o seu poder não é, de facto, poder, mas somente a capacidade de condicionar o poder.
Nada pior do que a ilusão de um poder que, de facto, não se tem.
Porque o poder esse continua, como sempre foi e sempre será, o poder da força, o poder pelo poder, o poder bruto, frio e sanguinário de quem pode vencer uma luta direta.
O poder da natureza foi, é e sempre será, o poder do predador sobre a presa, do caçador sobre o caçado, do mais forte sobre o mais fraco, enfim, de quem mata e de quem morre, de quem come e de quem é comido.
E isto não é bom nem mau, não é justo ou injusto: é simplesmente a Lei natural.
E foi esta Lei que os "copinhos de leite" se esqueceram.
Que eles até podem iludir e condicionar o predador, até podem, durante algum tempo, confundir influência com poder, condicionamento com decisão, negociação com força.
Até podem!
Mas no momento em que os "maus", de alguma forma, se sentirem ameaçados, invadidos, "encurralados", a Lei natural será reposta e tudo voltará a ser como dantes.
É sobre estas coisas tão básicas que chegam a ser ridículas, que precisamos de pensar e, com base nelas, que precisamos de decidir os nossos próximos passos porque, o recreio, afinal, é a Europa toda e, assim sendo, tudo isto é muito sério.
Hoje, dia da Europa, em Bruxelas e Estrasburgo fazem-se sessões solenes e entoam-se discursos.
Em Moscovo desfilam mísseis hiper-sónicos e ogivas nucleares táticas ladeados de milhares de militares!
Por isso, continua a ser fácil e simples saber quem sem uns e quem são os outros, quem pode e quem não pode, quem é "mau" e quem é "copinho de leite".
Porque, para além de todas as teorias, políticas, filosofias, influências, discursos e intenções, como dizia o frade beneditino Guilherme de Occam, no final de contas "toda a natureza tende, inevitavelmente e sem exceção, para a mais absoluta simplicidade."
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